Minha Experiência Lésbica com a Solidão, por Kabi Nagata
O que existe por trás de um abraço? Essa pergunta paira por toda a segunda parte do mangá. Em certo ponto, Kabi Nagata começa a ficar obsessiva com a ideia de ser abraçada por uma mulher mais velha. Com uma narrativa simples, e talvez até mesmo sem querer, ela fez todo um monólogo sobre o que realmente pode significar esse seu desejo por um abraço. O desejado abraço aconteceu em algum momento, mas, o que ela sentiu não foi o que ela esperava. Não teve satisfação, não teve cura, não teve nada. Então Kabi teve a ideia de contratar uma garota de programa lésbica. Essa experiência por sua vez, a levou à ter diversas outras conclusões sobre o desejo de um abraço. Uma possível conclusão que ela chegou, foi de que não é qualquer abraço que pode salvá-la do abismo da mente. Muito mais que um abraço, Kabi precisa de amor. Não amor superficial ou comprado, ele precisa de amor na sua mais plena essência. Ela precisa sim de um abraço, e precisa urgentemente. Mas a pessoa que realmente deveria abraçá-la, é ela mesma.
Do dia em que ela se irritou com a ideia do suicídio, até o seu longo processo de autorreflexão que continua até hoje. Ao longo dessa história, pode se perceber que Kabi Nagata conta mais do que aparece em suas palavras escritas. É possível entender alguns males de uma parte da sociedade japonesa, mas, que também existe em todos os outros lugares do mundo. Existem pessoas ao redor de Kabi. Ela tem pai, ela tem mãe. E mesmo com todos os sinais no seu corpo, com o estado da sua figura e com todos os seus transtornos mentais que deveriam ser facilmente percebidos... em momento algum ela narra sobre os pais dela fazerem algo efetivo e que possa melhorar essa situação. Mesmo que, em momento algum ela critique os pais ou sequer fale sobre isso, esse é pra mim, o detalhe mais triste de toda essa história. Não é preciso de muito raciocínio pra chegar a conclusão que Kabi não recebeu todo amor que ela precisava e merecia. Talvez o abraço que ela queira, seja simplesmente proteção. A solidão dela poderia não existir se ela tivesse a atenção necessária no momento certo. É nítido a necessidade de amor que ela tem. Possivelmente Kabi Nagata passou boa parte de sua vida sem amar a si mesma, simplesmente porque ela nunca sentiu que alguém a ama de verdade. Isso fica óbvio quando ela encontra o seu "doce néctar". Mais do que escrever mangás, ela percebeu que seu "doce néctar" é o fato de suas histórias alcançarem às pessoas. É receber carinho e admiração dessas mesmas pessoas. É saber que existe um lugar nesse mundo que pertence somente à ela. É algo simples, como aceitar a si mesma. Não importa que parte do mangá você leia, sempre vai dá pra perceber que a Kabi não é uma má pessoa. Ela não culpa o mundo e nem odeia ninguém. Pelo contrário, ela é uma boa pessoa. Um pouco confusa talvez, mas, quem realmente não é confuso? Uma coisa que a leva a tal situação, é exatamente o fato dela não querer incomodar ninguém. Um bom hábito dos japoneses, mas que, por muitas vezes, pode virar um problema muito sério. Essa pessoa merece um abraço, merece receber admiração e merece viver. Essa pessoa é Kabi Nagata, e essa é sua história.
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Texto escrito por: Maviael Nascimento, admirando a Kabi Nagata.
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