AMV com GIF - Passarinhos feat. Bookstans Characters
*Dê play no vídeo e acompanhe a letra da música junto com os gifs abaixo:
Emicida & Vanessa da Mata - Passarinhos feat. Bookstans Characters
Processo de criação:
Assim como são a maioria das músicas de rap que mais fazem sucesso, essa música tem uma mensagem muito direta. Com exceção de alguns trechos da canção, não é necessário pensar muito pra entender sobre o que a letra fala. Ela é sobre a beira do precipício que o mundo ruma. Poluição extrema, mudança climáticas e políticas públicas e privadas de má qualidade. "Será que o sol saí prum voo melhor?", "o céu clareia, vem calor" e "asfalto quente queima os pés no chão", denunciam mudanças climáticas. "Daqui a pouco resta madeira nem pros caixão", "era neblina, hoje é poluição" e "água em escassez, bem na nossa vez", refletem a poluição descontrolada. E por fim, "e dá-lhe antidepressivo", "quando pessoas viram coisas, cabeças viram degraus", "injustos fazem leis", fala sobre um cenário político, onde o poder está em mão erradas, e, aos oprimidos, resta suportar. Mensagens muito diretas. E mesmo as partes mais metafóricas, que não são poucas, ainda são frases de fácil assimilação, como "a Babilônia é cinza e neon". Essa crueza do rap, geralmente é feita para incomodar o ouvinte, e o fazer questionar sobre a própria realidade. Por isso, o rap brasileiro tem uma forte tendência a abordar temas pesados e complexos, como racismo, pobreza, violência e diversos temas de protesto. Por outro lado, é óbvio que o rap não se resume a isso, ou não está preso em abordagens sempre pragmáticas. Em Passarinhos, Emicida propõe uma forma de resistir a todos esses males. E essa resistência vem através da arte, principalmente dos livros. Encontrar outras pessoas que também buscam aprimorar o conhecimento. Se blindar de argumentos e entender como é o mundo, e como você pode o mudar. Algumas partes especificas da letra me parece até mesmo falar sobre os livros como uma forma de puro escapismo de uma realidade dura. O que acaba tornando a letra da música um tanto agridoce.
E é aqui que entra o clipe da música. No clipe vemos o Emicida e a Vanessa da Mata como donos de uma pequena e abarrotada livraria. Então o estabelecimento chama a atenção de um jovem que ganha a vida como engraxador de sapatos nas ruas. Um subemprego muito associado ao uso de drogas, devido aos efeitos psicotrópicos da cola de sapateiro, que entra no cérebro do usuário, mudando sua forma de sentir, pensar e agir. E então, o jovem entra na livraria e rouba um livro. Depois de ficar encantando com a leitura, aos poucos ele vai convencendo seus outros amigos a lerem livros. Um passo de formiga que inevitavelmente leva a uma mudança em outras pessoas. Ao fim do clipe, o jovem termina por ser contratado para trabalhar no caixa dessa mesma livraria. Uma mensagem muito positiva, em uma letra um pouco mais triste, sobre como livros e a educação podem mudar o mundo. Ou, talvez até mesmo, sobre como essas duas coisas são a última esperança.
Esse AMV foi feito especialmente pro Dia Mundial do Livro e do Direito do Autor. Assim como é feito no clipe da música, eu escolhi os personagens bookstans que acho que dariam um significado mais simbólico à música. Todos esses personagens têm dramas muito bem escritos, e são personagens que eu amo muito. Alguns, inclusive, são protagonistas de animes que falam bastante sobre literatura. E já que a música é cantada de forma muito rápida, eu tentei usar apenas gifs mais curtos, pro leitor não se perder na letra enquanto tenta entender o gif. Eu queria homenagear os livros, mas também queria homenagear os leitores através desses personagens.
E entre esses personagens, tem dois que eu gostaria de destacar. Esses seriam a Myne (Honzuki) e o Masami Kondou (Koi wa Ameagari no You ni). Dessa lista, eles são os únicos que também são autores. De formas diferentes, os animes que eles protagonizam retratam as dificuldades de escrever livros. Bem, a verdade é que o ser humano tende a julgar o valor de tudo, mas, às vezes esquecemos de ponderar a importância dos esforços que as pessoas fazem ao criar algo, e acabamos não separando obra e autor. Não é errado julgar o valor de uma obra, isso é algo que eu mesmo faço constantemente, mas também é importante valorizar quem se esforçou por essas mesmas obras. Por exemplo, qualquer um pode ler uma obra como NANA e dar o seu valor de juízo a esse mangá. Constatar o que agrada e o que desagrada, e, a partir disso, atribuir um valor que compete individualmente a cada um. Ser julgada, amada ou odiada, gerar incômodo, todas são funções da arte. Mas, nada disso muda o tanto de coisa que a Ai Yazawa fez para NANA simplesmente existir. Ela negou uma possível carreira próspera e bem mais livre no mundo da moda para escrever mangás. Ela sacrificou a própria saúde de um jeito que, segundo a própria autora, suas mãos não conseguiam mais acompanhar a sua vontade. Isso é algo que está muito acima de qualquer valor, nota ou o que for. Portanto, esse AMV é para homenagear as pessoas que amam livros, mas também é para homenagear os autores, através de minha autora favorita, a minha amada Ai Yazawa.
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Texto escrito por: Maviael Nascimento - Senhor, eu te peço, raps por nós, amém!
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