O Último Caderno de Esboço de Minha Adolescência
Estava eu, faxinando a minha casa em plena quarentena contra o COVID-19, e eis que no meio de uma caixa com coisas antigas, eu encontro nada menos que o último caderno de esboço que eu tive antes de parar de desenhar. Pelos meus cálculos mentais, eu deveria ter entre 16 e 18 anos quando adquiri esse caderno. Acho que foi bem quando estava vendendo os meus sonhos pra poder me tornar adulto. Mesmo tendo passado 3 anos desenhando nesse caderno, ele tem apenas 11 ilustrações. Algumas delas nem estão completas, o que indica que eu estava com cada vez menos vontade de desenhar. Se fosse entre os meus 10 à 16 anos, eu não desistiria tão facilmente de um desenho.
Não acho que os desenhos estejam lá dos melhores, mas irei compartilhar mesmo assim. Esse foi um achado com sabor de nostalgia de uma época em que eu podia dedicar um quarto do dia apenas para fazer um desenho. Hoje em dia só o que eu faço é sentar minha bunda em uma cadeira e executar um trabalho enfadonho para poder ganhar meu ganha-pão.
Começando minha exibição dos meus desenhos super amadores. O primeiro é uma lata de tinta spray com asas e aureola:
Esse foi o desenho que mais me surpreendeu. Apesar de ser relativamente simples, tem um conceito bastante interessante por trás. Não lembro o que eu pensava na época, mas creio que era algo relacionado a pichação. Como se cada vez que uma lata fosse usada para pichação ao invés do grafite, sua alma se perdesse. É um conceito interessante. Boa, eu-com-16-anos!
O próximo é o primeiro desenho de Naruto do caderno:
Naruto era uma febre absoluta. Eu sinceramente achava que só existia animes igual à Naruto e Pokemon. Não fazia ideia que existisse uma infinidade de gêneros, pensava que anime era só lutinha. Saudades de quando eu achava que Naruto era uma obra-prima…
A ilustração em si, tá bem mediana, sinceramente. A bandana e o pergaminho não estão bem desenhados. E imagino que eu desenhei na extrema direita pra não precisar fazer a mão esquerda do Naruto. Qualquer pessoa que desenhe, sabe da dificuldade que é desenhar mãos. Quer ver um exemplo? A Ai Yazawa (minha escritora favorita), ela consegue desenhar um rosto desses:
Ao mesmo tempo que consegue criar um rosto super expressivo assim, ela não é essas coisas desenhando mãos. E sim, essa uma das imagens que por vezes é a capa do blog.
O terceiro desenho é do Quico explorando o Chaves:
Alguns desses desenhos são apenas reproduções. Desenhava olhando para alguma arte já existente. Eu não lembro quais são originais e quais não são, mas tenho quase certeza que esse aqui não é criação minha. O rosto do Quico tá muito bem desenhado, apesar de eu claramente ter feito muito acima na página. O rosto do Chaves, no entanto, não está muito bom. Tem muitas linhas retas. E isso que deveria ser o efeito dele mordendo os lábios inferiores, não ficou nenhum pouco bem feito.
O próximo, é o primeiro desenhado horizontalmente:
Caso você não esteja reconhecendo, essa é a Yuri Sakazaki do Art of Fighting e do The King of Fighters. Esse eu lembro bem, é a reprodução de uma das artes do jogo KOF Trilogy, para Playstation. O rosto e o cabelo até que tá bem feito, mas as mãos estão ruins. E tem uma parte muito esquisita na parte direita da roupa dela.
A seguir, mais um desenho do KOF:
Esse também é de uma arte do jogo citado acima. Esse desenho realmente era meio estranho assim. Eu provavelmente só desenhei porque gosto muito do Terry Bogard.
O sexto é de um anime que eu nunca ousarei assistir novamente, Os Cavaleiros do Zodíaco:
A primeira coisa à se dizer é que eu não faço ideia quem são esses personagens. Se você olhar direito essa foto, vai perceber que eu apaguei a tentativa fracassada de desenhar outros personagens na mesma página. Bem meia boca esse desenho (fica a questão se eu me refiro ao meu desenho ou ao anime). No entanto, o logo do anime ficou muito bom.
Eu não sou muito bom, mas esse menino é um prodígio:
Esse é o Robin dos Teen Titans. Lembra daquele que tinha uma abertura cantada pelo Puffy? Essa ilustração tem algumas coisas bem feitas, e outras mal feitas. O braço direito tá bem desenhado, mas o esquerdo tá péssimo. A bota esquerda parece tá arrochando a canela do menino prodígio. A parte do uniforme tá razoável. E o rosto tá muito ruim. Orelhas desproporcionais, queixo muito reto e definitivamente, tem muito espaço em branco nesse rosto.
À partir do Robin, começa a ter mais erros do que acertos. O próximo é o maior exemplo disso:
O herói de Konoha, o lendário Naruto-sem-cabeça-Uzumaki. Tenho certeza que eu não rasguei esse desenho porque esse corpo tá bem feito. Os detalhes da roupa estão bacanas, apesar do braço direito estar muito deslocado. A parte do rosto tem inúmeras marcas de borracha. Devo ter tentado muitas vezes, antes de desistir.
O antepenúltimo desenho é o Blastoise:
Até que enfim apareceu mais algum bom desenho. Esse tá legal tanto o desenho quanto a pintura. Eu amava muito Pokemon nessa fase da minha vida, e o Blastoise era um dos meus favoritos. Pô, é uma tartaruga com um canhão nas costas, como alguém poderia não amar isso? Só não sei porque eu desenhei dois na mesma página. Bem, Blastoises nunca são demais.
E chegamos ao ápice, o melhor desenho desse caderno:
Esse sim é um desenho que eu posso me orgulhar. A foto não faz jus a coloração, no entanto. A paleta de cores no fundo da imagem, tá excelente. Existe até um certo efeito na bola de energia do Lucario (o melhor Pokemon). Os olhos do Pikachu são os únicos que eu não cobri com caneta. E já que eu pintei todo o fundo, os detalhes em branco ficaram mais natural. Tipo, o branco dos olhos do lucário e do Mew, a aura e a esfera do Lucario e também a penugem no peito do Swellow. Só que eu deveria ter pintado a pele do Ash, que é a única coisa que não está tão boa nesse desenho.
O último é o que marca a minha entrada na fase adulta. Quando eu praticamente abandonei esse hobby que eu tanto amei:
Eu lembro bem desse. Eu tinha um certo interesse em desenhar mais esse estilo mangá, mas o nível de detalhes estava além da minha capacidade. O rosto da Sakura Haruno ficou incrível, porém, não consegui desenhar os braços. O rosto ficou perfeito, mas não tive habilidade pra desenhar algo que é muito mais fácil. Ainda bem que eu não lembro do sentimento de frustração que eu devo ter sentido. Esse deve ter sido o ponto em que eu me desanimei.
Desse caderno antigo, são apenas esses 11 desenhos, mas mesmo sem desenhar com frequência, eu sempre mantive um caderno de esboço comigo. No único que eu tenho depois de completar a maioridade, existem apenas duas ilustrações. Significa que, nos últimos 12 anos, fiz apenas dois desenhos.
O primeiro, eu o fiz para uma amiga chamada Iara:
Ela é uma pessoa genuinamente encantadora, mas que, estranhamente tem problemas de baixa autoestima. Então, a desenhei para que ela saiba que além de linda, ela tem galáxias nos olhos. Apesar de não ter ficado tão realista quanto eu pretendia, pelo menos ficou bastante expressivo. O mais importante é que ela gostou do desenho. E parabéns para mim pelo uso correto do termo “baixa autoestima”. Boa, eu-com-29-anos!
E enfim, o último desenho desse post (aaah…):
Também foi desenhado para uma pessoa específica, agora em uma versão mais mangá. Essa mulher fofa com óculos desproporcionalmente grandes, é a Drª Ysabella. Foi a fisioterapeuta que me ajudou a voltar a andar quando eu quebrei o meu fêmur esquerdo em um acidente de bicicleta. Fiz o desenho olhando por uma foto dela, mas quis improvisar nesse estilo mais oriental, com olhos grandes e traços fortes. Ficou exatamente como eu queria, então, foi um sucesso. A Drª ficou feliz com o desenho. Eu quis desenhá-la pra agradecer pela gentileza dela. Eu falo muito pouco na minha vida cotidiana, mas por alguma razão, gosto que certas pessoas saibam o quanto eu as admiro.
Esse post foi escrito por causa da nostalgia que estou sentindo agora. Foi uma época boa, quando não precisávamos pagar pela nossa própria comida. Quando eu não criticava os meus próprios desenhos. Saudades de quando o Mertiolate ardia mais do que o próprio corte…
Texto escrito por: Maviael Nascimento, o desenhista auto avaliado.
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